quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

"ENEM?"

UM RELATO QUE DENUNCIA QUE O ENEM DE HADDAD É IRRESPONSÁVEL E FONTE DE INJUSTIÇA: O ALUNO DEPENDE DO ARBÍTRIO DE QUEM CORRIGE A PROVA, NÃO DA SUA COMPETÊNCIA
Fernando Haddad transformou o Enem numa fonte de injustiça. Por quê? Em vez de critérios objetivos para medir competências, têm-se o caminho aberto para o arbítrio. O relato abaixo, enviado por um professor convidado a corrigir as redações — que têm peso importantíssimo no exame —, dá conta de como as coisas são feitas. O vestibular tradicional pode não ser o melhor meio para selecionar os alunos que ingressam nas universidades mais concorridas, mas há que se admitir: ele  seleciona os que sabem mais. O modelo de Haddad seleciona os que têm mais… sorte! Segue o relato.
Olá, Reinaldo, sou professor de Língua Portuguesa e, por diversos motivos, gostaria de não me identificar. Bom, a questão é a seguinte: no mês de outubro do ano passado recebi o telefonema de uma moça, uma das coordenadoras do ENEM, convidando-me a participar da equipe de correção das redações. Como já havia trabalhado como corretor de alguns vestibulares, e o período de correções coincidisse com o meu período de férias, aceitei o convite.
Assim, fui informado que a partir do final do mês de novembro os professores convidados seriam convocados para um treinamento com a finalidade de ajustar os critérios que seriam utilizados na realização do trabalho. O mês de novembro passou sem que recebêssemos qualquer mensagem da coordenação, que só nos procurou, através de e-mail, em meados de dezembro, para nos enviar a senha de acesso ao sistema que nos disponibilizaria os textos grafados pelos candidatos em versões digitalizadas e um documento de duas páginas explicando como lidar com o sistema e como dar notas aos textos.
O que eu quero mostrar com este relato é que toda a correção das provas de redação de um processo seletivo que se quer norteador, assim como eles dizem, da transformação do Ensino Médio ocorreu de modo apressado, amador e irresponsável, uma vez que só estive com a coordenadora em apenas um momento - encontramo-nos rapidamente para que eu entregasse a comprovação de que eu era de fato um professor de Língua Portuguesa -, o restante do breve contato foi todo realizado por telefone e e-mail.
É importante notar aqui que não houve um processo seletivo capaz de verificar a capacidade de realização do serviço por parte dos selecionados (fui indicado por um amigo e não precisei apresentar nenhuma comprovação de que já havia feito isso antes), não houve um pólo de concentração dos corretores, nem discussões esclarecedoras a respeito dos critérios que deveriam ser aplicados, nem um boletim periódico indicando se o serviço prestado estava de acordo com os critérios estabelecidos, nem ao menos algum tipo de fiscalização a fim de confirmar se as redações estavam sendo de fato corrigidas pelas pessoas inscritas para corrigi-las. O manual de instruções para aplicação das notas é um capítulo à parte que eu não tenho como explicá-lo em função do pouco espaço disponível para este texto.
Voltei
Quando os jornais pararem de fazer politicagem com enchentes, talvez se interessem por essa bobagem.
Por Reinaldo Azevedo

2 comentários:

Dill - Abreu disse...

O ENEM segrega muito mais do que qualquer outro vestibular!
Afinal de contas quem continua se dando melhor?
Alunos de escolas particulares ou de escolas públicas?
Não que isso deva ser um instrumento de aferição da qualidade do referido exame, pode, no entanto, servir como indicador de que as mudanças prometidas através do ENEM, nunca acontecerão com este formato inconsistente.
Mais do que nunca os nossos alunos tentam se apegar a “macetes” e menos aos conteúdos formais tão abominados pelos pedagogos, no entanto, esses continuam sendo a base real de todo e qualquer inovação dentro da nossa sociedade.

historiaaoextremo disse...

É caro colega, relamente apressado, amador e irresponsável.